Minimalismo: Um novo olhar sobre o mundo.

Viver com menos. Chegou a hora de romper alguns paradigmas.

O QUE É MINIMALISMO?

Segundo o dicionário, minimalismo significa o princípio de reduzir ao mínimo o emprego de elementos ou recursos.

No século XX, o movimento minimalista surgiu como uma base de contracultura, com uma forma de expressar-se na arte, com o uso de poucos recursos. Porém foi no século XXI, talvez frente a todas as necessidades e todas as truculências que o mundo moderno nos expôs, que o minimalismo como estilo de vida surgiu e passou a ser seguido.

Ou seja, ser um minimalista ou viver em mundo minimalista, é uma busca em nossas vidas sobre como encontrar uma maneira de viver com menos. Como desprender-se deste sistema de consumismo desmedido que nos é inserido à força, dia após dia, em nossas mentes e em nossas vidas?

Existe uma frase do grandioso Charles Bukowski, que me tocou muito quando a li pela primeira vez, que eu chamo de “Pergunta que abre a tampa da mente!” e que deixo logo aqui abaixo registrada, para que você possa:

• Ler
• Questionar
• Refletir sobre qual seria a sua resposta
• Ou até mesmo inciar uma busca por uma resposta, caso você se veja num cenário como o mesmo que passou a mim, onde eu simplemente não sabia responder:

“Você consegue se lembrar de quem você realmente era, na sua essência, antes que o mundo lhe dissese como você deveria ser?”

O QUE FAZ UM MINIMALISTA?

Existem muitos tópicos do qual podemos falar sobre como se tornar um minimalista, simplificando ao máximo sua vida, suas necessidades, sejam elas de consumo, sejam elas conceituais.

Mas eu diria que o tópico mais importante antes de seguir a leitura é compreender que todo radicalismo, seja para qual lado ele tenda, é ruim. Não existem verdades absolutas nesse mundo e todos os dias estamos aprendendo novas lições.

Ser um minimalista não é abrir fogo contra o sistema financeiro, contra o sistema capitalista. Longe disso, ser um minimalista é compreender que um melhor entendimento de sua relação de consumo, eliminará “falsas algemas” que te prendiam a rotinas ou obrigacões às quais você de verdade não necessita estar atado (ou talvez você descubra que na verdade nunca esteve realmente atado).

Ser um minimalista não é renunciar a tudo, e viver de luz meditando em isolamento absoluto do mundo (embora eu tenha um profundo respeito e admiração por indivíduos que alcançaram este nível de “Nirvana”).

Para mim, o minimalismo iniciou de forma natural, e um pouco por necessidade, e foi adaptando-se gradualmente em minha vida. Há cerca de três anos, em abril de 2017, iniciei um empreendimento fora do Brasil, uma série de startups em diversos países, que eu já sabia que me levariam para muitos destinos e me dariam muito trabalho.

Nesses 3 anos, minha esposa e eu, vivemos em mais ou menos 12 casas diferentes, passamos por 4 países, tivemos muitas mudanças, viagens de avião, monta tudo, desmonta tudo. Enfim, estamos vivendo uma aventura incrível e uma experiência única.

O fato de contar um pouco deste detalhe, é para exemplificar como que a própria necessidade nos fez optar pelo minimalismo. A cada mudança que fazíamos, percebíamos a quantidade de coisas que não usávamos, a quantidade de coisas que por puro apego emocional a um objeto ou algo, nos fazia acumular. As inúmeras pilhas e pilhas de roupas e calçados que íamos amontoando e separando para doação.

A cada mudança deixávamos um “pedaço de nós” até que passamos a perceber que o “nós” sempre nos acompanhava e o que deixávamos em cada país, era um sobrepeso, que não cabia dentro da conchinha do nosso caracol. E o mais gostoso, descobrimos que ao doar tudo aquilo que não se fazia mais necessário, fazíamos com que a energia boa de cada objeto, circulasse, habitasse lares de pessoas que necessitavam, que vestia pessoas que sorriam com aquelas peças “novas” de vestuário ou calçados. E percebemos ali, que nada mais era que uma troca com o universo, desapegando do desnecessário, doando amor, e recebendo muita gratidão.

Listo abaixo alguns aprendizados, que nos ajudaram muito nesta caminhada, e novamente repito, o radicalismo não é o melhor caminho e não existe conceito de certo ou errado. Desprenda-se, e ouça o seu eu interior, sinta dentro de ti o que te dá vontade de fazer e decida por onde começar:

• Coragem = Despertar = Primeiro Passo
  • O grande despertar, este grande chamado, se você está sentindo ao ler este texto, é o primeiro grande passo. Ser leve, desprender das coisas materiais, das visões de posse e consumo... é sem dúvida o primeiro grande passo.
  • Dizem que para ser um minimalista, é necessário ter muita, mas eu digo que esse cordão umbilical invisível que nos ata e nos impede de desprender e provar a leveza e a liberdade da vida minimalista, na verdade, não existe! “Ao cortar o cordão umbilical, ele percebeu que nunca existiu cordão algum, e voou livre o seu mais ousado e lindo voo! Ao desatar-se, ele então percebeu que nunca esteve atado!”

• Menos coisas, menos posses
  • Você pode iniciar de duas maneiras aqui:
    1. Livre-se do que você não usa, não precisa. Gosto muito de abrir meu guarda-roupas, e olhar para tudo. Tudo aquilo que nos últimos 6 meses eu não toquei, não usei, não tem sentido continuar ali. Energia parada, contida. Separe tudo, e doe (não importa para quem, desde que você sinta que a energia que ali estava parada, vai circular). E o mais gostoso é que ao colocar energia em desprender e doar, surgirão automaticamente pessoas necessitando, amizades incríveis que serão feitas, é o universo conspirando a seu favor!
    2. Faça limpezas assim de tempos em tempos, no seu guarda-roupas, nos armários da sala, do quarto, da cozinha, do banheiro, na sua garagem, e por aí vai.
    3. Não acumule mais. De nada adianta limpar o seu guarda-roupa e passar o próximo fim de semana no shopping comprando tudo novo novamente. Não é algo difícil de fazer, passe a compreender que muito do desejo de consumir, comprar, e possuir que nós sentimos, não nos pertence. Lembra-se da “Pergunta Abridora de Mentes”? Em suma, siga consumindo, mas consuma aquilo que realmente é necessário. O sistema financeiro e capitalista que vivemos hoje necessita sim de consumo, dessa troca de um bem financeiro por um serviço ou bem de consumo. E não há nada de mal em consumir, a única questão aqui, é consumir o que realmente é necessário, ou que te faz bem no espírito!
    4. Pergunte-se:
       • Realmente necessito disto?
       • Vou usar?
       • Estou apenas seguindo um instinto de comprar?
       • Estou usando o consumo como um mecanismo para minimizar um outro problema que talvez eu tenha? Por estar triste, ansioso, magoado?
       • Não tenho nada em minha casa que substitua isto?

• Menos despesas fixas / menos dívidas
  • Vivemos em uma sociedade, onde as instituições financeiras, a propaganda, o desejo de posse e as “facilidades de crédito” nos são oferecidas diariamente, com o objetivo de nos fazer ter o que não precisamos e adquirir aquilo que não podemos pagar imediatamente, gerando então um débito, uma dívida a prazo, sobre algo desnecessário.
  • O sistema financeiro hoje sobrevive e depende do débito, então mais e mais somos instruídos, incentivados, empurrados para o desejo de consumo a prazo. E isso ao final nos gera um resultado, que indiretamente nos escraviza, nos prende, o qual chamamos de “custo fixo elevado”.
  • Pergunte-se: quanto tempo faz que você não olha o detalhe de um extrato completo mensal do seu banco? E do seu cartão de crédito? Analise e conheça bem suas despesas, antes de mais nada.
  • Se você se sentar, com calma, com uma calculadora, um lápis e boa vontade, conseguirá identificar quais são os custos fixos desnecessários que você agregou às suas contas, seja um serviço, seja um bem comprado a prazo. Identifique estes itens, decida quais aqueles que você vai cortar pela raiz, quais aqueles que você vai reduzir e quais aqueles que você deve manter e por quê. Após suas conclusões, tire do papel e do planejamento e parta literalmente para a ação. Passe a mão no telefone, ligue e cancele serviços, entre nos websites e cancele online. Você vai perceber como tentam nos dificultar o caminho de cortar as despesas, mas não desista! Cortar despesas desnecessárias não é tão difícil quanto parece.
  • Revisite esta prática de tempos em tempos, veja se você não agregou algo desnecessário ou se há ainda mais alguma coisa a ser cortada.

• Melhorar a maneira como vc gasta o seu dinheiro
  • O mundo necessita consumo para fazer com que a economia possa girar. Isso é fato. Se todos parássemos de consumir, o sistema atual entraria em colapso. E a questão aqui, novamente, não é criticar o sistema atual, ou tentar mudar, mas apenas como viver de forma mais consciente neste modelo. O que se pode chamar de “Capitalismo Consciente”.
  • Onde aplicar o seu dinheiro? Onde realmente são necessários os gastos? Pense, analise.
  • Alimentação, serviços, bens de consumo que te agregam, que são parte de um conceito mais minimalista, e principalmente que a cadeia de produção destes itens também seja menos agressiva ao meio ambiente, ao mundo como um todo, que não venha da exploração desenfreada de recursos naturais ou de seres humanos. Sem radicalismos, é possível identificar meios de viver melhor e consumir melhor.

• Melhor educação financeira
  • Educação financeira, economia, macro economia, sustentabilidade, são ciências que deveriam fazer parte da grade curricular de qualquer escola, desde o ensino primário, até o universitário.
  • Não é tão complicado como parece compreender as relações de economia, de produção e consumo. Na verdade, é como se o mundo desejasse que você não tivesse esse conhecimento. Mas como diz um grande amigo que tenho: “o conhecimento está ali, na nuvem, disponível para todos. Basta acessá-lo”.
  • Pois bem, se não nos ensinaram isto de maneira mais fácil e simples desde pequenos na escola, não significa que não podemos aprender agora, depois de crescidos, não é? Conhecer um pouco sobre como cuidar do seu dinheiro, como organizar melhor suas finanças, existe muito conteúdo disponível na web, alguns gratuitos outros através de consultorias, que nos ajudam muito a entender um pouco, para tomar nossas próprias decisões.
  • Ter um conhecimento mínimo neste aspecto, te dá maior clareza para entender e montar um plano sobre como economizar, sobre como gastar melhor, sobre ser mais responsável com o dinheiro que todos ganhamos através de muito suor.

• Vida feita de experiências
  • Há algum tempo, conheci um instrutor de paraquedismo (Sangue, da Queda Livre Paraquedismo de Boituva), que me falou algo que me marcou muito. “Meu amigo, caixão não tem gavetas. Não cabe nada dentro dele, não tem espaço para mais nada a não ser seu próprio corpo sem vida”. Cerca de um ano depois, ele veio a falecer em um acidente de paraquedismo. Porém quando soube da notícia pelos telejornais, ao invés de tristeza, senti que ele havia deixado esse mundo pleno, cheio de boas recordações, de boas experiências. (Sangue, muito obrigado por sua contribuição em vida para com a minha pessoa! Será lembrado eternamente, e espero que esta mensagem possa um dia chegar ao Rodrão e sua equipe incrível de paraquedismo ou a família do Sangue!)
  • “As melhores coisas do mundo não são coisas”! Deixo essa frase e um convite a refletir, pois deste mundo nós não levamos nada, a não ser as boas lembranças e experiências que vivemos. Novamente, minimalismo não é um convite para viver de luz, é um convite para consumir conscientemente. Tente na maior parte das vezes aplicar o conceito de: compre experiências, não compre coisas... coisas envelhecem, ficam neste mundo, não cabem no caixão... enquanto experiências se leva pra sempre, por toda nossa existência!
  • E para ter boas experiências, você não precisa de muito. Existem experiências únicas guardadas em minha memória, de uma tarde, com a família, com a esposa, com as pessoas que amo, sem gastar um centavo por isto. Ser feliz é muito mais simples do que imaginamos.
  • Sabe aquela sensação de que gostaríamos de congelar o mundo? De tão bom que está o momento? Pois é um pouco disso que o minimalismo nos convida a refletir. Nas recomendações minimalistas abaixo, cito uma palestra do professor Clóvis de Barros Filho sobre Felicidade, que vale muito a pena investir um tempo. Pois ser feliz é muito mais simples do que parece.

A felicidade reside na morada da simplicidade!

RECOMENDAÇÕES MINIMALISTAS

• Netflix: na Netflix existe um filme muito bom, um documentário sobre minimalismo. Vale a pena assistir. Minimalismo: um documentário sobre as coisas importantes (https://www.netflix.com/title/80114460). Starring:Joshua Fields Millburn, Ryan Nicodemus
• Into the Wild ou Na Natureza Selvagem: um livro do escritor Jon Krakauer, que posteriormente inspirou um filme dirigido por Sean Penn, baseado nas viagens de Christopher McCandless através da América do Norte e sua vida passada no deserto do Alaska no início da década de 1990. Recomendo a leitura do livro primeiro, para depois ver o filme. Ambos são fantásticos.
• Blog e Diversos Materiais do Profissional de Marketing. Fundador do Minimus Life. Amante de hábitos minimalistas. Bruno de Souza. Um lindo material, com muita informação útil, de qualidade e que podem te ajudar a abrir mais os horizontes para este conteúdo: https://minimus.life/
• Livros minimalistas:
  • Arrume sua Casa, Arrume sua Vida: Marie Kondo
  • O Movimento Slow: Carl Honoré
  • Regras Simples: Donal Sull
  • Preparar, Apontar, Mudar: O Poder do Simples
  • Minimalism, live a meaningul life: Joshua Fields Millburn, Ryan Nicodemus (os mesmos do documentário do Netflix acima)
  • Essencialismo: Greg Mckeown
  • Menos é Mais: Francine Jay
  • Por uma vida mais simples: André Cauduro
• Documentários Minimalistas. Além do primeiro documentário que já citei acima, também recomendo:
  • The True Cost: O verdadeiro custo da moda
  • Tidying Up with Marie Kondo
  • Tiny House Nation
  • No Impact Man
  • My Stuff
• Educação Financeira, organização e planejamento pessoal: recomendo muito o trabalho da querida amiga Luciana Nardini, com a  lnassessoriaempessoas.com.br que possui um trabalho muito focado em apoiar as pessoas em desenhar, planejar e alcançar seus objetivos sejam pessoais ou empresariais. A Luciana também participa de um hub de assessoria e suporte a startups para você que pensa em começar enxuto, simples e eficaz o seu negócio. Squad Mentores: www.squadmentores.com.br

Espero que tenham gostado do tema! E que o texto possa trazer um pouco de paz interior e ajudá-los a tomar sua direção!

#vivaintensamente

#vivaintencionalmente